quarta-feira, 18 de março de 2009

CHIP´s nas Matriculas - Parte 3



O agente da autoridade estará ao lado do veículo - estes chips funcionam por proximidade, usará um leitor para recolher a informação constante no chip. Terá alguma forma de comunicação sem fios para se ligar a um servidor, transmitindo-lhe a informação contida no chip.

Tipicamente, esta informação será um número de série, acrescida de outros dados. Este número de série, o bilhete de identidade do veículo (poderá ser a matrícula) será usado para pesquisar as bases de dados e o resultado da pesquisa será devolvido ao agente da autoridade, o qual usará esta informação de acordo com o seu julgamento.

Se o agente da autoridade já tem que estar junto ao veículo e tendo o tal dispositivo para se ligar às bases de dados, porque é que não basta inserir a matrícula do veículo no aparelho, obtendo desta forma exactamente as mesmas informações?

O chip só virá a permitir a automatização dum passo: a leitura da matrícula. Todo o restante processo será semelhante.

Excepto...

... excepto se não nos foi contada toda a história! Esta tecnologia também permite que se passe num determinado ponto e, sem intervenção humana, a informação contida no chip será lida e processada. Com que fim? Controlo automático da legalidade do veículo? Cruzamento ilegal de dados? A tecnologia passa a existir, tudo é possível!

Existe ainda o potencial pântano da utilização comercial desta tecnologia. O próprio Governo admite que esta possa vir a ser utilizada de forma integrada na cobrança de portagens e outras taxas rodoviárias. Como é que uma empresa privada poderá ter acesso a estes dados para cobrar portagens e mesmo assim ser garantida a privacidade dos proprietários dos veículos automóveis?

Finalmente, como é que se garante a inviolabilidade dos dados contidos no chip? Como é que o Governo vai garantir que daqui a algum tempo não aparecem no mercado, mesmo que seja no mercado negro, aparelhos para lerem a informação contida no chip? A resposta é simples: o Governo nunca conseguirá garantir isso e se o fizer estará a mentir com todos os dentes. Dirão que os dados são encriptados. Certo, grande coisa.

Para demonstrar a debilidade deste argumento, reparem no que aconteceu com a indústria do DVD. Sim, do DVD. Um dos grandes receios dos estúdios cinematográficos era a possibilidade de os DVD passarem a ser copiados com a mesma facilidade com que aconteceu com os CD áudio.

Por isso a indústria propôs um processo de encriptação dos dados contidos nos DVD, assegurando aos estúdios que esta tecnologia seria inviolável. Só assim os estúdios concordaram em abrir mãos aos seus valiosos conteúdos. E, no entanto, o resultado está à vista. Alguns anos passados e uma falha humana tornou pública uma das chaves de desencriptação dos DVD (ver caso Realplayer) e, com ela, todas as outras passaram a estar acessíveis.

A lição, que se aplicará necessariamente a estes chips nas matrículas é: se a informação existe, apenas será necessário algum tempo até que alguém a consiga ler. Conseguindo-a ler, passará a poder fazer por si mesmo o controlo da mobilidade do veículo e passará a poder aceder aos dados que estejam contidos no chip, aos quais actualmente não terá acesso.

A ver vamos...

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